sábado, 4 de abril de 2009

Ícone - Lotus Omega/Carlton


Numa época de nascimentos verdadeiramente extraordinários (1989-1995), existe um automóvel que passei a idolatrar imediatamente desde o momento em que o “encontrei”; Estou a falar do especialíssimo Lotus Omega. Logo no nome surgem as dúvidas: Lotus? Omega? Uma coisa não condiz com a outra, sobretudo quando reparamos que este foi um automóvel produzido entre 1990 e 1992, período em que os Opel Omega não se podem considerar exactamente desportivos...
Mas este não é o único problema com este estranho conceito que é tão difícil de consolidar na mente de qualquer um. Porquê este automóvel? Estamos afinal de contas a falar de uma época de maravilhas absolutamente extraordinárias, pérolas como o BMW M5 E34 (1989-1995), o Alpina B10 Biturbo (1989-1994) e o Mercedes-Benz E500 (1991-1995). Que impacto faz este estranho automóvel na reputação destes titãs?
Bem, a resposta a esta pergunta passa pelo facto de que este é uma obra prima da engenharia, engenharia esta que permite ao Lotus Omega chegar dos 0 aos 100 quilómetros por hora em 5.2 segundos. Pode interiorizar a informação e não, não me enganei a escrever; 5.2 segundos dos 0 aos 100 (algumas fontes chegam a tirar uma ou duas décimas a este valor), velocidade máxima na casa dos 285 quilómetros por hora (sim, esta informação também é a correcta 2-8-5), tudo isto possível com um motor que debita 377 cavalos. Por mérito próprio, valores impressionantes que passam a ser (para mim) verdadeira magia, quando descrevem um Opel Omega de 1990 com mais de 1600 quilos.
Apresentado como Lotus Carlton na Grã-Bretanha (devido ao facto de que os Opel são aí vendidos sob logotipo da Vauxhall), este automóvel causou o escândalo e a indignação social (algo sobre o qual falarei mais à frente).
Numa peça gravada para o programa “Top Gear” (sobre a qual irei basear essêncialmente o resto deste artigo), o agora ex. apresentador Tiff Needell (que apresenta actualmente o “Fifth Gear”, programa no qual se voltou a discutir o Lotus Omega/Carlton, a quando da apresentação do Vauxall VXR8), falou um pouco sobre a história deste modelo icónico. Após a compra da Lotus por parte da General Motors em 1986, os engenheiros da Lotus puderam trabalhar no Omega/Carlton, de modo a promover vendas. Assim, pegaram no Omega 3000/Carlton Gsi que tinha um motor 3.0L de seis cilindros em linha e que produzia cerca de 177 cavalos de potência e transformaram-no no sedan mais rápido do mundo. O motor passou de 3.0L para 3.6L e ganhou (deve dizer-se: ganharam todos os fãs de automóveis...) um sistema twinturbo que permitiu alcançar a impressionante marca dos 377 cavalos.
Os interiores são descritos por Needell como detentores de um estilo “late eighties boardroom”, repletos de madeiras escuras e cabedal preto. Não foram aplicados muitos fundos aos equipamentos do habitáculo, mas Needell afirma que onde foi necessário gastar, não desiludiram. A caixa manual de seis velocidades utilizada no Lotus Omega/Carlton, era pertença do fantástico Chevrolet Corvette ZR1 e passava a força às rodas traseiras através do diferencial de deslizamento limitado e é claro, Needell não se esquece de referenciar que a suspensão e os travões foram cuidadosamente re-pensados e o exterior dotado de um body kitt mais agressivo e pneus mais largos.
Outro ponto interessante levantado por Tiff Needell nesta peça, é o facto de que nos seus dias, o Lotus Omega/Carlton custava o dobro do modelo normal, mas no entanto, continuava a custar metade do preço de qualquer outra máquina que se aproximasse ao seu nível de performance. Este facto certamente contribuiu para a popularidade deste excepcional automóvel e garantiu-lhe o status icónico de que ainda goza nos dias de hoje.
Ao levar um exemplar para a pista Needell, encanta-se com a agilidade e capacidade deste automóvel espantoso; No entanto, o que o faz divertido também o fez temido.
Needell apelida a reacção ao Lotus Omega/Carlton em 1990 na Grã-Bretanha, como “escândalo nacional”. E porquê este escândalo? As gigantes Audi e BMW tinham acabado de concluir um acordo, de modo a limitar a velocidade máxima dos seus automóveis nos 250 quilómetros por hora, valor que este adorado Lotus Omega/Carlton batia por cerca de trinta quilómetros por hora, o que o colocava imagine-se, no patamar do Ferrai Testarossa. É deveras impressionante. A “Royal Society For the Prevention of Accidents”, descreveu a utilização deste automóvel como “high speed safety hazzard”, enquanto que a “Association of Chief Police Officers”, considerava-o como “an outrageous invitation to speed”... Permitam-me a liberdade de associação de ideias, mas perante estas afirmações surge-me na mente uma citação do lendário Bart Simpson: “All those disclamers make me want to do it more!” (no contexto original, referente ao programa “Jackass” da MTV, mas creio que me faço entender).
De acordo com toda esta pressão, Needell refere que a velocidade máxima do automóvel foi mesmo retirada da publicidade a este referente. O apresentador avança ainda com a informação de que “alguns cínicos” (ele próprio excluído, obviamente!) alegaram que toda esta atitude negativa contra esta fantástica obra de engenharia automóvel, se ficou a dever ao facto de que precisamente antes de ser lançado o Lotus Omega/Carlton, a Vauxhall na Grã Bretanha, tinha vendido uma frota de “Senators” que apenas chegavam aos 240 quilómetros por hora...
No entanto, os problemas surgiram sob a forma da recessão económica, das apólices de segura cada vez mais caras e da “má fama” que os roubos com vista ao joyriding e aos assaltos forçaram sobre estes automóveis.
Apesar de tudo, os lendários Lotus Omega/Carlton, continuam a garantir respeito na actualidade e os seus fãs são numerosos e dedicados. Para ver alguns bons exemplos deste automóvel e de toda a sua “família” mais próxima, recomenda-se a visita ao website autobahnstormers.org, onde além de informação sobre este clube de entusiastas, existem também alguns belos exemplares à venda a preços bastante modestos. Por exemplo, está disponível na área de anúncios deste site, um Lotus Omega em condições excelentes por 9.500 Libras (cerca de 10.500 Euros). Atendendo ao que já é e ao que virá sem dúvida a ser, de facto vale bem a pena o investimento.
Recentemente o website motorauthority.com , reportou que a Lotus estaria a considerar trazer o Omega/Carlton de volta... Será realmente o regresso de um mito? Face à apertada competição dos sedans super desportivos da Audi, BMW e Mercedes-Benz, haverá lugar para este renascimento? O tempo dirá.



Fontes consultadas para este tema:
http://www.autobahnstormers.org/
http://www.cars-directory.net/history/opel/omega_3000/
http://www.carsplusplus.com/specs1990/opel_lotus_omega.php
http://www.lotus-carlton.co.uk/
http://www.lotus-carlton.fsnet.co.uk/
http://www.motorauthority.com/lotus-reportedly-considering-carlton-comeback.html
http://www.pistonheads.com/doc.asp?c=161&i=17480
http://www.youtube.com/watch?v=L4V2KZNyaw8



Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

Sem comentários:

Enviar um comentário