segunda-feira, 27 de abril de 2009

1ª Pessoa – O Porsche 996 Turbo do Sr. Duarte Carvalho (Director Comercial da DC Car - Setúbal)

Porsche. Creio que será impossível dizer algo sobre o fabricante de Stuttgart que não tenha já sido dito antes. Num registo pessoal, sempre adorei os modelos que este fabricante histórico “solta” no mundo. No entanto e embora não seja este um consenso geral, sempre achei que os 996 tinham algo de especial. Não sei se é por representarem um “quebra” com o design tradicional da marca (que viria a ser de certa forma recuperado pelos 997), mas o facto
basilar,
é que na minha lista de ambições está desde 1998 um destes objectos de culto.
Mas perante um hipotético surto de riqueza, qual escolher? Existem tantas alternativas desejáveis: o Carrera 4, o 4S, o Targa, o GT3, a arma absoluta: o GT2...a escolha seria sem dúvida um desfio que me manteria ocupado durante algum tempo. Mas, no entanto, sempre fiquei de certo modo preso na “força gravitacional” do lendário Turbo. Desde que vi a primeira imagem de 996 Turbo, essa nunca mais se evadiu da minha memória. Tem as características fantásticas que um super desportivo desta natureza deve ter: um look inspirado que não deixa ninguém indiferente, mas ao mesmo tempo, consegue ser civilizado, não caindo em nenhum exagero ostensivo. Muitos dirão que hoje em dia, os seus 420 cavalos podem encontrar equivalência num M3, mas não querendo retirar nenhum crédito ao trabalho fantástico que este BMW consegue desenvolver, para mim, simplesmente não consigo fundir os mundos diferentes em que estes dois modelos habitam.
Assim, foi com muito agrado que no decorrer do meu percurso diário,
“encontrei”
um fabuloso 996 Turbo que se destacava dos pequenos utilitários que o rodeavam numa curta parcela de estacionamento na Estrada dos Ciprestes (Setúbal). O automóvel encontrava-se junto a um novo estabelecimento de comércio automóvel, a DC Car e então, seguindo aquilo que posso apenas descrever como um puro impulso, dirigi-me à DC Car, para questionar se saberiam a quem pertencia o automóvel, com esperança de poder trocar algumas palavras com o dono.
Aí, fui soberbamente recebido pelo Senhor Duarte Carvalho, Director Comercial da DC Car e quem diria, dono do 996 Turbo. O Sr. Duarte Carvalho teve a amabilidade de conceder algum do seu tempo nesse mesmo dia e ainda me permitiu que voltasse depois com algumas questões para lhe colocar. Segue-se essa breve entrevista:


Questão: Senhor Duarte, eu estou aqui para lhe fazer algumas questões sobre o seu automóvel, mas antes disso e já que tenho a oportunidade de estar a falar com um profissional do ramo, esclarece-me sobre uma coisa: com tanta informação diária que as pessoas recebem sobre a crise económica, os clientes que cá tem, nota-os mais apreensivos em gastar ou mesmo ver os carros?

Director Comercial Duarte Carvalho: Cada vez mais. A crise está a nível mundial, não é só em Portugal. E quando há uma crise, dois sectores que são logo afectados: o da construção e o dos automóveis e cada vez mais as pessoas estão assustadas com a crise porque são bombardeadas diariamente com notícias de despedimentos aqui, despedimentos acolá, guerras aqui, guerras acolá. Mas todos os dias se continuam a vender automóveis e os clientes estão apreensivos, mas estão compradores.
Temos é que eventualmente abdicar um pouco mais daquele sentido materialista de querer ganhar muito, passar a ganhar menos e servir o cliente da melhor forma.
Por isso acho que o cliente continua comprador. (Dinheiro há sempre dinheiro como costumo dizer). Embora o meu segmento também não seja aquele em que o cliente sente mais a crise.

Q: Agora realmente em relação ao seu automóvel, o senhor é dono de um Porsche 996 Turbo e a mim chamou-me certamente a atenção, é por isso que eu hoje venho falar consigo, que género de reacções costuma obter quando passa na rua?

Dir. Com. Duarte Carvalho: É um automóvel de sonho. Em Setúbal há muito pouca privacidade, toda gente sabe por onde é que eu passo, por onde é que eu venho, mas toda a gente olha, porque é um automóvel como eu já lhe disse, de sonho e que infelizmente, nem toda a gente pode ter. Mas as reacções que eu vejo, é que toda a gente olha, pára, comenta, dá a sua opinião; Mas eu como proprietário de um carro desses, sinto que tenho pouca privacidade, porque toda a gente gosta, toda a gente vê e não estamos a falar de um Porsche qualquer, estamos a falar de um 996 Turbo que tem 420 cavalos e que não é muito usual, há muito poucos em Portugal.

Q: Mais uma vez em relação ao seu automóvel, este tem um estatuto verdadeiramente icónico, toda a gente o conhece, sempre foi o seu desejo ter um 911 Turbo, sempre foi uma ambição sua?

Dir. Com. Duarte Carvalho: Sempre foi o meu desejo desde pequeno ter um Porsche. Eu venho de origens humildes, honestas, mas sempre olhei para o Porsche como o concretizar de um sonho que quando pudesse, o comprava. E foi mesmo isso que aconteceu; Como não comprei o Porsche que pensava na altura (o Porsche que se imaginava era outro), com 37 anos, consegui comprar um diferente e especial...Até especial demais, contra a família que tenho sempre assustada com o “carjacking”, com a segurança, devido à velocidade, com a saúde além de tudo porque são carros desportivos que afectam especialmente a coluna. Se não tivermos uma preparação física um bocadinho “acima”, sentimos qualquer saliência que a estrada tenha.

Q: O seu automóvel...podemos dizer que encontrou o seu automóvel, ou foi o seu automóvel que o encontrou a sí? Andava à procura dele, ou por acaso encontrou-o e era mesmo aquele momento em que “aconteceu”?

Dir. Com. Duarte Carvalho: Acho que nos encontrámos um ao outro. Eu lido com automóveis de alta gama há muitos anos devido á minha profissão e ao meu sector, já faz quinze/dezaseis anos que estou ligado ao sector e já tive, avaliei, comprei e vendi bons automóveis, desde M5, M3, inclusive alguns Ferraris que já tive a oportunidade de comprar e vender logo. Mas posso dizer que com este Porsche, foi amor á primeira vista. Amor depois de o conduzir...esteticamente fiquei logo apaixonado...ele também não sei se ficou apaixonado por mim ou não, mas pelo menos não se exprimiu!
Este é um carro que me deixou logo à partida apaixonado, já o tenho à algum tempo, encontrámo-nos um ao outro e estamos satisfeitos.

Q: Já me falou sobre as reacções, já lhe perguntei sobre isso, mas e o dia a dia, é fácil viver o dia a dia com um 996 Turbo?

Dir. Com. Duarte Carvalho: É fácil viver o dia a dia, mas monetariamente não. Para mim que faço muitos quilómetros, não é fácil devido ao consumo que ele tem. Mas tendo a oportunidade de ter mais viaturas, penso que aí, se torna fácil. Mas é um carro que, se calhar, andando com ele todos os dias...sou muito sincero, eu adoro o carro, tenho-o de paixão, é o “meu menino” como eu costumo dizer, mas...satura. Satura um pouco devido ao ambiente do dia a dia porque uma pessoa passa, olha e entretanto perco um pouco a minha privacidade, daí eu também evitar andar com ele todos os dias, se calhar ando com ele 4/5 dias por semana e depois paro-o uma semana ou duas porque não tenho tempo para pegar nele mas...é fácil, não é muito agradável o consumo, porque é sempre um bocadinho superior, mas à que agregar aqui o prazer ao custo.

Q: Se lhe pedissem para escolher uma característica ou um elemento favorito no seu automóvel, qual seria?

Dir. Com. Duarte Carvalho: Posição de condução. Tive vários BMW’s, estive muito tempo ligado à BMW e se estes já têm uma posição de condução muito agradável, vejo que este automóvel de elite também tem uma condução muito agradável. Uma pessoa senta-se dentro do carro e dá-lhe prazer conduzir o automóvel.
A estética, tudo e mais alguma coisa sobre aquele automóvel...são estudados para agradar às pessoas e acho que é difícil apontar um ponto negativo naquele carro.
Positivos são todos, mas a posição de condução é o mais agradável.

Q: Para terminar e só em género de “provocação”, se lhe fosse proposta uma hipotética troca, se alguém lhe oferecesse completamente livre de custos um Ferrari novo último modelo, trocaria o seu Turbo?

Dir. Com. Duarte Carvalho: Um Ferrari último modelo...também é assim: por muita paixão que tenhamos, nós nos automóveis não nos podemos ligar tanto, temos que saber ver também a vertente do negócio, mas...um Ferrari último modelo novo...se fosse troca por troca, era capaz eventualmente de trocar, seria um bom negócio mais que não seja monetário. Mas digo-lhe sinceramente, entre a Ferrari e a Porsche, eu prefiro a Porsche, tanto interiores como prestações. A Ferrari tem lá aquele “cavalinho” à frente, dá prestígio, dá sim senhor, mas não é automóvel que me “fascine”.
Troca por troca, seria um último modelo, agora um carro dentro do mesmo ano e semelhante, não trocava.

Não posso possivelmente passar sem apontar claramente o meu mais sincero agradecimento ao Senhor Duarte Carvalho pela sua disponibilidade extraordinária, perante alguém que se dirigiu simplesmente ao seu local de trabalho e pediu para fazer perguntas acerca do seu automóvel (e do seu dia a dia).
Após o fim da conversa, o Senhor Duarte Carvalho teve ainda a amabilidade de me permitir a utilização de algumas imagens do seu 996 Turbo, capturadas no interior da DC Car.

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