sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ícone – Mercedes-Benz 600 (W100)

O Mercedes-Benz 600 (W100) foi apresentado no Frankfurt International Motor Show no ano de 1963 e imediatamente aclamado como a nova pérola do mundo automóvel.
Este veio responder a várias necessidades, permitindo por exemplo uma confortável mobilidade por parte de vários famosos líderes socialistas da época que, ao melhor nível do espírito das ideologias políticas que pregavam e aplicavam, podiam agora deslocar-se naquele que era então o mais caro e luxuoso automóvel do planeta.
Idealizado livremente (pois a Mercedes havia passado carta branca) pelos designers Paul Bracq e Bruno Sacco e concretizado pelos engenheiros Rudolf Uhlenhaut e Fritz Nallinger (e também por Karl Wilfert, responsável pelo “car body development” na Mercedes entre 1959 e 1976), o W100 foi desenvolvido ao longo de 7 anos com a intenção de ser algo único que representaria o pico da tecnologia e do luxo, objectivo que foi sem dúvida alcançado pois o Mercedes-Benz 600 foi desde então e continua a ser até aos nossos dias, um dos mais apreciados (e belos) Mercedes alguma vez construídos. Este modelo era tão especial, que um motor totalmente novo teve de ser construído propositadamente; Um normal 6 cilindros simplesmente não podia acompanhar com as necessidades do 600, assim a Mercedes desenvolveu um novo motor V8 6.3 L com 250 cavalos apelidado de “M100”. Mas não era apenas o motor que era novo no 600, pois este modelo introduziu maravilhas no campo da hidráulica. A suspensão, a porta da bagageira, a divisória entre o condutor e os passageiros, os vidros, as trancas das portas, os assentos ajustáveis, o tecto de abrir, os travões e até mesmo as portas em sí, todos estes elementos são operacionais graças à hidráulica, o que torna o seu funcionamento muito mais silencioso e rápido do que se fosse realizado através de motores eléctricos. No entanto, existia um preço a pagar por esta inovação, o sistema hidráulico do 600 avariava por diversas vezes e os vários famosos e figuras políticas de relevo que eram proprietários deste modelo, acordavam por vezes desejosos para dar um passeio no seu brinquedo de luxo, ficando (certamente) extremamente desapontados ao observarem que este estava literalmente “colado ao chão”. Por situações desta natureza, a Mercedes disponibilizava um técnico especializado que partia de imediato para qualquer ponto do globo assim que algo desta natureza fosse relatado, mas mesmo sendo este o caso, nunca era bom para um automóvel deste calibre deixar o seu proeminente dono desapontado; Mas considerando um pouco mais sobre o assunto, nunca se saberá o impacto que estas avarias tiveram na história recente do mundo, quantas vidas poderão possivelmente ter sido salvas porque o ditador x ou y se atrasou um dia devido ao facto do seu 600 estar inoperacional...
Mas não quero de modo algum estar a ligar o W100 a personalidades de má fama, pois apesar de vários dos mais famosos donos do 600 o terem tornado numa nauseante afirmação de hipocrisia sobre rodas, nomeadamente Fidel Castro, Mao Tse-tung, Leonid Brezhnev, Pol Pot, Kim Il Sung e Sadam Hussein (entre outros), muitas outras caras famosas estão associadas ao W100 de um modo muito mais positivo, pois este foi um modelo que também cativou o “Rei” Elvis Presley, John Lennon, Hugh Hefner, Coco Channel, Aristotle Onassis, Jack Nicolson, Rowan Atkinson e até o “difícil” Jeremy Clarkson. Além dos já mencionados (e de modo a demonstrar a verdadeira diversidade dos proprietários deste modelo), também Hirohito, Josip Tito, Jomo Kenyatta, Ferdinand Marcos, Deng Xiaoping, Nicolae Ceausescu, o Principe Rainier e o Papa Paulo VI foram proprietários de um W100, já para não falar nos inúmeros governos de todo o mundo que também adquiriam exemplares.
Não é apenas na lista de clientes do 600 que encontramos diversidade, pois também os modelos disponíveis eram bastante variados. Começando pelo W100 “básico” de 4 portas, este era de imediato um verdadeiro titã com as suas 2600 toneladas distribuídas ao longo de quase 5 metros e meio de comprimento e 2 dois de largura. Mas é claro, existia a necessidade de algo com um porte ainda mais dominante e assim surge o Pullman, versão limousine do 600 base. O Pullman pesava então umas impressionantes 2700 toneladas e estendia-se ao longo de quase 6 metros e meio, podendo ser adquirido com 4 ou 6 portas. Também a versão descapotável era uma opção viável; O Landaulet estava disponível nos modelos Pullman de 4 e 6 portas na configuração “short soft top” (onde o espaço aberto encontrava-se directamente sobre o último dos bancos traseiros) e “long soft top” (onde o espaço aberto era total, salvo directamente acima dos dois lugares da frente), existindo igualmente versões exclusivas como os Pullman Presidential Landaulet (dos quais apenas 10 foram construídos e que se distinguem dos “long soft top” pela existência de detalhes como pegas de apoio para passageiros que viajavam em pé), o Pullman Landaulet do Papa (de portas traseiras mais longas que o normal, marcadas com o brasão de armas do Vaticano e possuindo apenas um banco traseiro reservado exclusivamente para o sumo pontífice), uma versão carro funerário construída pela empresa alemã Pollmann, um Landaulet de 4 portas construído para o piloto de automóveis de competição Constantin Graf Von Berkheim e um Coupe, o “Nallinger”, criado em 1965 pelo Professor Fritz Nallinger (recorde-se, um dos “pais” do 600) para ser o seu automóvel pessoal.
O Mercedes-Benz 600 W100 é sem qualquer sombra de dúvidas um marco histórico e esse facto reflecte-se nos altos valores que evolvem a compra destes automóveis actualmente, valores que aumentam proporcionalmente em relação à história de vida que cada um dos modelos particulares tenha acumulado. Simplesmente não existe outro automóvel que se lhe compare, o próprio período de produção é um reflexo da perfeição dos 600, pois ao longo de 18 anos este automóvel foi produzido virtualmente sem alterações, tendo sido construídas entre 1963 e 1981 um total de 2667 unidades, das quais 2190 são SWB (short wheel base), ou seja 600 “normais”, 428 são Pullman e 59 são Pullman Landaulet.
Misterioso, intrigante, apaixonante, sem dúvida imponente (é ainda hoje o automóvel com a buzina mais alta do mundo), mas acima de tudo intemporal, o 600 W100 continuará a ser para todo o sempre a medida pela qual são comparados todos os grandes automóveis de luxo, sejam estes clássicos ou modernos.


Fontes Consultadas:
http://www.germancarzone.com/older-mbs-classics/235-grand-mercedes-600-w100.html
http://www.geocities.com/MotorCity/Speedway/5350/pullw100.htm
http://www.netcarshow.com/mercedes-benz/1964-600_pullman_limousine/
http://cars.uk.msn.com/News/Top_ten_article.aspx?cp-documentid=544788
http://en.wikipedia.org/wiki/Mercedes-Benz_600


Imagens Utilizadas:
http://www.netcarshow.com/mercedes-benz/1964-600_pullman_limousine/1024x768/wallpaper_04.htm (editada)
http://www.luxist.com/tag/limousine/
http://media.photobucket.com/image/pullman%20600/rnds/LANDAULET_--_-bigb.jpg

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